NO MAIS ÍNTIMO
DO PALÁCIO ELÍSIO
DE KUBLAI KHAN
(O velho cântaro)
Quer eu descreva o
velho cântaro
no palácio elísio
de Kublai Khan,
ou a luxuriante
Viena de 1900,
ou, entre duas
árvores de uma rua em Istambul,
o encontro
fortuito
com a mais bela
mulher do mundo,
quer eu descreva
um banho
nas termas de
Caracalla,
ou, na tarde de
ontem,
a sala de estar de
um sobrado,
ou aquele jarro de
gencianas
perto da janela
envidraçada,
quer eu descreva
isto ou aquilo,
minha imaginação
nunca deve esquecer
de tomar posse,
por meio da
curiosidade e do amor,
de qualquer um dos
fatos acima descritos.
Quando tento
recordar algo,
não posso recordar
de tudo,
porque eu ficaria
soterrado.
Procuro resgatar
apenas “uma” coisa
e faço isso com
exatidão.
Deixo que essa
coisa seja meu grão de cristal,
assim que adquiro
o controle sobre ela,
observo o que
surge daí.