quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ver 5 Paul Klee

Edwin Smith, 1965



Sonho, ao amanhecer, já separado e longe, que estou pendurado na beira daquele terraço da Sunset Boulevard, com apenas uma das mãos, e se caio daqui, se não sei voar, mergulho nesta piscina que podia ter sido outra.

Estou condenado ao desespero – atravesso o deserto com uma pedra no bolso – arrasto encardidos pés pelas arborizadas, as ruas.

Carrego o coração vazio e uma palmeira na mente.



Miró (1893-1983)



A MÚSICA SONHA CISNE
E VASOS DE BARRO

Vasos de barro, onde cisne e música somem.
Se olham --- cisne, vasos de barro, música ---
imersos na voz, aderidos ao corpo
que logo finda neles --- os dourados,

com música transbordando de vasos de barro
moldados pelo sopro do cisne que os dias desdouram,
como se a mais alta sina fosse perder
vasos de barro, música, voz.

Os dourados somos todos, esquecidos
do corpo que, antes das constelações,
silenciava uma prímula, um grão

de lua na altura do peito,
na altura do peito dois vasos, não de barro,
de seda fina do arrozal, dois pulmões, dois cisnes:

vasos de música




Hilda Hilst na Casa do Sol, 1967.



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http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html



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de Rolf Koppel