terça-feira, 13 de outubro de 2009

Susan Burnstine, 2007

principia a chuva

o vento perfuma o vento

as telhas molhadas

Shiki (1867-1902)



Minha cunhada Silvana e Ana Castro de Jesus Leão Beeck

A RESPIRAÇÃO DOS VELHOS

Esse poema foi escrito em reverência

à vó Ana Castro de Jesus Leão Beeck, 97 anos.


Cobrir-se com o plânctum da alegria, antes que o langor da preguiça nos olvide entre ceras. O nada da brisa, a perfeição da leveza nesse terreno coberto de bambus. Quantas noites mansas escuto grafadas em tábuas de caligrafia chinesa? Construídas com ossadas de velhos sábios, as tábuas guardam a respiração deles. A caligrafia salva do esquecimento: soluços, amor, relva, idioma de velhos sábios que reverenciam o silêncio nesse terreno coberto de bambus.

"Não há potência má, o que é mau, há que se dizer, é o grau mais baixo da potência, e o grau mais baixo da potência é o Poder. O que é a maldade? É impedir que alguém faça o que pode, que efetue sua potência. De modo que não há potência má, há Poderes maus. Talvez por isto, todo Poder seja mau por natureza. A tristeza está ligada aos sacerdotes, aos tiranos, aos juízes, porque estes proíbem a potência de se expressar. Todo Poder é triste”.


Gilles Deleuze (1925-1995).

O Abecedário de Gilles Deleuze


D de Deserto

http://www.youtube.com/watch?v=PDGfL_c77wc&feature=related

I de Idéia

1.http://www.youtube.com/watch?v=1fMmbhxamFA&feature=related

2.http://www.youtube.com/watch?v=UaN2Bdrzh7E&feature=related

J de Joie (Alegria)

1.http://www.youtube.com/watch?v=nk8330tvTbA&feature=related

2.http://www.youtube.com/watch?v=uRVCM6sEC_A&feature=related


Padre Canísio:
seu nome verdadeiro era Anton Saupp.

Esta foto acima é do Padre Canísio (1896-1987), que construiu a casa de minha vó Ana, casou os meus pais, escutou minha primeira confissão e me ensinou a ler. Dos cinco aos dez anos, todos os dias – sempre às 8 horas em ponto da noite – ele lia a Bíblia para mim.

Hoje ele está morto, profundamente morto, mas a chuva de sua alma antiga ainda molha a minha alma areenta.

Katherine Lubar

Mais dia, menos dia descobre-se que há um tempo fora e um tempo dentro da gente. Às vezes, mais de um. O tempo de fora dita a hora, o dia, a estação. O tempo de fora é moldado pela natureza e também pelo engenho humano. E a gente deseja – e aceita - que o tempo de dentro responda a esse estímulo que nos chega pelos sentidos. A gente deseja que, às 17 horas do primeiro sábado ensolarado de primavera, também no tempo de dentro sinta-se um calor tépido, que deixe a alma macia. E a gente aceita que, no mais frio e chuvoso domingo do inverno, também na alma a umidade frouxa congele. Mas há uma contradição que atordoa: estar, no céu, o sol do meio-dia, e na alma o escuro de antes do nascimento do sol. Um escuro que impede a primavera de nascer também no tempo de dentro. Em qualquer dessas circunstâncias as palavras nascem. Mas a primeira deve ter nascido para celebrar a mais perfeita sintonia entre o tempo de fora e o tempo de dentro. E a segunda, certamente, para tentar arrancar do peito, pelo Verbo, a pesada pedra que tudo sepulta quando essa sintonia se quebra. E se assim não sentem, como podem os anjos compreender os homens?

Míriam Santini de Abreu

Leia também aqui: www.pobresenojentas.blogspot.com

Em busca do tempo perdido




Peter Bock-Schroeder, 1956

Ireland

Cartum: Yuri Kosobukin. Texto: Fernando José Karl.




E não é que a cabeça caiu justo no bolo he he he