quarta-feira, 4 de novembro de 2009

queima
a ausência irremediável de Ana queima
não pode haver consolo se o adágio cessa
se o vento cessa no meio do mar

queima
nunca mais os pés escalavrados de Ana
não pode haver consolo: os verdes olhos escurecem
se os tímpanos nunca mais escutam o angelus

queima
as janelas fechadas
apenas um metro de mar soube que Ana nunca mais

queima
nunca mais a sombra de Ana pelo chão
nunca mais a voz de Ana que tecia nó de ouro no ar

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