quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Breve carta e um pequeno conto de K.: “Lucana querida, aí um pequeno esboço de narrativa escrito à beira do ferro-gusa e de ramos sombreando arroios:

A BANHISTA E O RINOCERONTE
“Uma névoa rósea e palpitante de ninfas
--- nereidas, dríadas, oréadas, napéias coleantes,
oceânides melodiosas”.
(Júlio Dantas)

Banhista. Pessoa que se banha em mar, rio, piscina etc. Pessoa que se submete a banhos medicinais. (Dicionário Aurélio)

Rinoceronte. Do latino clássico rhinoceros, otis). Mamífero ungulado, perissodáctilo, ceratomorfo, rinocerotídeo, maciço, pesado, de cabeça muito alongada, com 1 ou 2 chifres, situados, neste caso, um após o outro. Cauda curta, os quatro pés com 3 dedos de cascos separados, boca pequena e lábio superior alongado. Atualmente existem 4 gêneros, com cinco espécies: a indiana, com 1 chifre (Rhinoceros unicornis), a javânica (R. sondaicus), a de Sumatra (Dicerorhinus sumatrensis) e duas africanas (Diceros bicornis e Ceratotherium simun). (Dicionário Aurélio)

“Eu sei que a banhista não existe, mas entre duas ondas do mar a banhista mergulha e a respiração dela – napéia coleante – se a imagino, existe junto do pomar e do rinoceronte. O sono íntimo da talássica nereida me doura. Rente a um muro de Cnossos, as duas ondas do mar nunca secam, ressuscitam molhadas no sonho da banhista. Ossos do rinoceronte secam, não ressuscitam nunca mais, como nunca mais ressuscitam o fel e o urinol. Assim os arcanjos nunca extraviam suas blusas d’água e a banhista – oceânide melodiosa, napéia coleante – respira agora na Casa da névoa”.

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