quarta-feira, 9 de julho de 2008

Albrecht Dürer por Albrecht Dürer (1471-1528)



Um desenho do mestre alemão Albrecht Dürer.


A famosa gravura do "Rinoceronte" (1515), de Albrecht Dürer, que nunca viu um rinoceronte. Dedico essa gravura ao meu amigo do Clube do Rinoceronte: Everton Freitag.

Rinoceronte de Dürer é uma xilogravura criada pelo artista alemão Albrecht Dürer em 1515. A imagem foi baseada numa descrição por escrito e um rascunho executado por um autor desconhecido de um rinoceronte indiano que foi levado até Lisboa no início daquele ano, juntamente com um elefante. Dürer nunca chegou a ver o rinoceronte real, que foi o primeiro exemplar vivo a ser visto na Europa desde a época do Império Romano. Ainda nesse ano o rei de Portugal Manuel I enviou o animal de presente para o Papa Leão X. Infelizmente o papa nunca chegou a ver o seu presente, pois o navio que levava o animal naufragou na costa italiana em 1516 e o rinoceronte morreu no naufrágio. A espécie só foi novamente avistada quando um segundo rinoceronte chegou da Índia à corte de Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal, por volta de 1579.

Na praia de Pinheiros-bravos, imerso em imensas curvas de mareiro, começo a escrever sobre um assunto espinhoso: a filosofia de areia ou a filosofia das aparências. Eis no capítulo 61, do livro ainda sem título, a frase absurda: “Dorme, no alto do eucalipto, o rinoceronte num dos ramos finos...” Para a epígrafe do mencionado livro eu selecionei um poema de Tzvietáieva:


Nutriz da vida, irrecuperável,

irreprimível, vaza a poesia.

Husserl

A partir de Ideen, Husserl (1849-1938) se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência. O problema metafísico de estabelecer a realidade material daquilo que percebemos era de pequeno interesse para Husserl (diferentemente do que ocorria quando ele tinha que defender repetidamente sua posição a respeito do idealismo transcendental, que jamais propôs a inexistência de objetos materiais reais). Husserl propôs que o mundo dos objetos e modos nos quais dirigimo-nos a eles e percebemos aqueles objetos é normalmente concebido dentro do que ele denominou “ponto de vista natural”, caracterizado por uma crença de que os objetos existem materialmente e exibem propriedades que vemos como suas emanações. Husserl propôs um modo fenomenológico radicalmente novo de observar os objetos, examinando de que forma nós, em nossos diversos modos de ser intencionalmente dirigidos a eles, de fato os “constituimos” (para distinguir da criação material de objetos ou objetos que são mero fruto da imaginação); no ponto de vista Fenomenológico, o objeto deixa de ser algo simplesmente “externo” e deixa de ser visto como fonte de indicações sobre o que ele é (um olhar que é mais explicitamente delineado pelas ciências naturais), e torna-se um agrupamento de aspectos perceptivos e funcionais que implicam um ao outro sob a idéia de um objeto particular ou “tipo”. A noção de objetos como real não é removida pela fenomenologia, mas “posta entre parênteses” como um modo pelo qual levamos em consideração os objetos em vez de uma qualidade inerente à essência de um objeto fundada na relação entre o objeto e aquele que o percebe. Para melhor entender o mundo das aparências e objetos, a Fenomenologia busca identificar os aspectos invariáveis da percepção dos objetos e empurra os atributos da realidade para o papel de atributo do que é percebido (ou um pressuposto que perpassa o modo como percebemos os objetos).




Vaso do século 4, que representa o Centauro a galope com um machado na mão e uma coroa de flores. À sua volta árvores estilizadas.

Na única torre do casarão colonial, com o binóculo, K. observa que a Casa de Água não existe absolutamente, é em seu todo invenção. Husserl, segundo Sartre, “restitui ao centauro sua transcendência no seio mesmo do seu nada”. Eu também restituo à Casa de Água sua transcendência ali onde ela some e torna a vir à tona por meio das palavras. Sábado à noite, na velada do chá, quando baixar em Villa da Concha uma neblina vivificante, vou quebrar em duas a espinha dorsal das odes taciturnas – talhadas na velha carniça da língua latina – e espancar, uma a uma, as especiarias do caos. Eu, K., sem Lucana, sem Casa de Água, sem casarão colonial, sem música, sem corpo, eu apenas com a voz, não esta que se escuta, mas uma outra voz, aquela que paira, nesse instante, estrelas úmidas na antiga manhã de Villa da Concha.



Caligrafia de Elvis Presley

Escutar Elvis Presley

interpretando "Surrender".


http://www.youtube.com/watch?v=GWK04X-RcJs&feature=related



Caligrafia do Tao
TAO (Capítulo 7)

Algo que me radica para além de mim mesmo:
o vento.

Do vento estou com a boca cheia,
os pulmões transbordam de vento.

Esta é a razão da eternidade do vento:
me ensina a dobrar os joelhos
quando vislumbro o céu cheio de ar.